Roberto Alcade Rodriguez terminou a prova dos 100 m peito S5 em 1min37s32: bateu em primeiro, olhou ao redor e esticou os braços com firmeza para comemorar. Minutos depois, demonstrou perplexidade com a medalha de ouro garantida no Mundial Paralímpico de Natação, em Montreal. “A ficha ainda não caiu e vai demorar para cair”, disse o nadador de 21 anos, que nasceu com má formação congênita na coluna vertebral.
“Campeão mundial, né? Meu pai e minha mãe devem estar loucos em casa. Nossa senhora... foi tão difícil chegar até aqui. Era um sonho que toda noite eu tinha antes de dormir. Agora é a realidade. E tem muito mais pela frente, né? Agora só vai”, afirmou Roberto, gaúcho de Bagé, que após alguns segundos em silencio disse de novo, sem acreditar: “campeão mundial”.
Não é pouca coisa conquistar uma medalha na competição disputada no Canadá. Roberto ficou à frente do mexicano Pedro Rangel, bronze nessa prova nos Jogos Paralímpicos de Londres, do alemão Niels Grunenberg, que foi bronze na ocasião, e do britânico James O’Shea, que também foi finalista. De uma vez, ele bateu quase toda a elite – o sul-coreano Lim Woo-Geun, atual campeão paralímpico, não disputou a prova na sexta-feira.
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Revezamento brasileiro ficou com a prata no 4x100 m livre
Foto: Washington Alves / Mpix / CPB / Divulgação
“Em 2010 (no Mundial de Eindhoven, na Holanda) eu cheguei perto (de ser medalhista) com um tempo muito mais alto. Era sempre a minha colocação: aquele quase, quase, quase... Chegar aqui e ver esses caras que eu olhava como os maiores fenômenos, e saber que eu tenho chance de ganhar deles... E ainda mais ganhar...”, disse Roberto.
Quando recebeu pedido para dizer “eu sou campeão mundial” para as câmeras, o nadador ainda brincou. “Espera eu pegar a medalha que vai ficar mais bonito”, disse, arrancando risos, mas ainda incrédulo: “campeão mundial de 2013. Isso aí ninguém mais tira de mim”.
O repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro
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