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domingo, 30 de maio de 2010

Cadeirante revela aventuras sexuais e dificuldades em livro; leia trecho


GUILHERME SOLARI
colaboração para a Livraria da Folha



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"Na Minha Cadeira Ou Na Tua?" é um relato autobiográfico da gaúcha Juliana Carvalho, que se tornou paraplégica após uma inflamação da medula aos 19 anos.

O livro se divide em três partes.

Na primeira, a autora conta em um formato de diário sua infância, a adolescência de festas antes do evento e a crise que a colocou até hoje em uma cadeira de rodas.

Esses relatos intercalados são de surpreendente sinceridade, mostrando desde brincadeiras singelas na praia, como primeiros beijos, experiências sexuais e o terror da perda da mobilidade.

Divulgação

Autora expõe com bom humor dificuldades de ser cadeirante

Além do tom sem rodeios, o relato de Juliana é muito bem-humorado para tratar de temas como perda do controle da bexiga, vexames em bebedeiras e até no nome dos capítulos -como "Pernas pra que te quero" ou "Uma cadeira em meu caminho"-- e no nome do seu blog Comédias da Vida Aleijada.

Como o próprio título de "Na Minha Cadeira Ou Na Tua?" sugere, a obra reserva grande espaço para a sexualidade, tanto antes quanto depois da autora ter se tornado paraplégica.

"No imaginário coletivo os cadeirantes são assexuados ou impotentes, crença que não condiz com a realidade," diz Juliana.

"Depois da lesão muda muita coisa, como relato no último trecho do livro, pode haver perda de sensibilidade, de mobilidade, mas o tesão segue o mesmo".

Uma adolescente particularmente apreciadora de baladas, experimentações sexuais, bebida e muita diversão, Juliana teve a sua vida paralisada com o evento, precisando da ajuda da família até mesmo para usar o banheiro.

Como o apetite sexual não diminui só porque você não mais controla suas pernas, Juliana precisou redescobrir o seu corpo.

"E o orgasmo é uma função cerebral que independe de tato ou rebolation," brinca a autora.

"O lance é redescobrir novas formas de sentir prazer, readequar-se a nova realidade e curtir tudo com espelho no teto!"

Na parte final, Juliana aborda diversas dificuldades práticas que encontrou e encontra, como o atraso de cinco anos para conseguir tirar carta, a falta de motéis adaptados e problemas de acessibilidade no transporte coletivo.

Leia abaixo um trecho de "Na Minha Cadeira Ou Na Tua?".

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Brasília, 30 de novembro de 2005

Tenho tantas coisas pra contar, vamos por partes, como nosso amigo Jack:

1) Segunda-feira passada rolou uma reunião na sala de convivência com Joãozinho Trinta. Estamos organizando uma ala de cadeirantes pra desfilar no carnaval pela Vila Isabel, no Rio.

Fala sério! Quinta-feira vai ter uma reunião com o diretor do Centro de Reabilitação pra ver se tem como hospedar a pacientada na sede do Rio. A escola vai dar as fantasias, coisa simples, e cada um entra com sua passagem.

Tenho que ir! Imagina, desfilar na avenida! Beta, se você estiver aí no Rio: quero pouso.

Também preciso de um acompanhante, alguém se candidata? A fantasia sai por conta da escola. Bah, estou emocionada com essa possibilidade. Assim que eu chegar em Porto tenho que me organizar pra tirar minhas férias no período carnavalhesco.

2) Dei beijo de novo naquele tetra infeliz. Primeiro no banheiro, tipo filme, aquele beijo que a gente larga a escova de dente e beija com a boca suja de pasta mesmo. Depois fiz uma visita noturna na padiola alheia.

Deus o livro! Que guri tesudo. Mas também não vale o prato que come. Pega tudo. O ruim é que alguém nos viu e no dia seguinte todo mundo estava sabendo.

Paciência. Passei a ficha pra uma amiga, que no dia seguinte fez bom uso do rapaz. Concordamos que ele é um tesão. Definitivamente.

3) Ontem fiz investidas na ala pediátrica. Onde vou parar? Mas tem um bebê tão fofinho. Uma peste. Já combinei que vou casar com a criança assim que ele for maior de idade. Não faço nada ainda porque é crime.

4) Acho que vou investir num peão de Barretos que caiu do touro Bandido, quebrou a coluna e se internou faz pouco aqui. Na verdade, ele caiu de moto, e como tem a minha idade, não é crime.

5) O tesudo vai embora amanhã fazer uma cirurgia na bunda. Está com uma escara que não fecha, tadinho. A enfermaria vai perder um pouco da graça.

*
"Na Minha Cadeira Ou Na Tua?"
Autor: Juliana Carvalho
Editora: Editora Terceiro Nome
Páginas: 280
Quanto: R$ 29,90
Onde comprar: Pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

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Um comentário:

  1. Olá professor Sérgio, parabens pelo blog, tem muita coisa interessante para se ler. Sou estudante de Fisioterapia da UFPB. Estou desenvolvendo um trabalho sobre desenvolvimento da coordenaçao global, gostaria de saber se o senhor tem algo escrito, ou se poderia me mandar algum artigo ou qualquer documento para que eu possa ter como base para a realização deste trabalho. Ficaria muito grata se respondesse!
    meu email: germannamedeiros@hotmail.com

    agradeço pela atenção e mais uma vez, parabéns pelo blog!

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