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domingo, 19 de abril de 2009

programa de treinamento computadorizado para o tratamento de problemas relacionados à percepção auditiva





INFORMAÇÕES BASICAS SOBRE DEFICIENTES AUDITIVOS :

http://www.entreamigos.com.br/textos/defaud/infdefaud.htm

http://www.wnt.com.br/webmail_wnet/readmsg.php?folder=inbox&pag=1&ix=7&tid=hungi.mozilla&lid=pt_BR


Reabilitação lúdica
15/4/2009
Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Um programa de treinamento computadorizado para o
tratamento de problemas relacionados à percepção auditiva foi
desenvolvido pela fonoaudióloga Cristina Ferraz Murphy, pesquisadora
da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP).

Com base na hipótese de que os transtornos de leitura podem ser
causados por uma alteração no processamento temporal auditivo (PTA), o
programa foi criado para ser utilizado na reabilitação de crianças com
dislexia, tipo de transtorno de aprendizagem caracterizado pela
dificuldade para ler e escrever.

O PTA, explica a pesquisadora que desenvolveu seu trabalho com bolsa
de doutorado da FAPESP, é uma habilidade de percepção auditiva que
requer o rápido processamento dos estímulos sonoros. A partir de uma
adaptação do software americano Fast Forword, a pesquisadora
desenvolveu dois jogos de computador, contendo estímulos não-verbais e
verbais, para o treinamento auditivo das crianças.

O objetivo do jogo não-verbal é estimular a percepção e diferenciação
de sons agudos e graves, apresentando para isso parâmetros acústicos
semelhantes aos fonemas do português brasileiro, enquanto o jogo
verbal promove os estímulos de fala por meio da diferenciação de
sílabas com sons parecidos.

“Os tipos de estímulos utilizados no jogo verbal são inéditos no
Brasil, em comparação aos programas computadorizados também usados no
país para o treinamento de habilidades auditivas. Esses estímulos
verbais apresentam, como característica principal, a fala expandida,
ou seja, o tempo de produção das sílabas aumentado para facilitar a
compreensão das crianças”, disse Cristina à Agência FAPESP.

“Assim elas são capazes de discriminar, por exemplo, consoantes
iniciais como ‘ta’ ou ‘da’. Essa expansão do som vai diminuindo,
conforme a melhora do desempenho da criança, até que seja ouvido o
tempo de produção normal da sílaba”, explica. “Já no jogo não-verbal a
criança aprende a discriminar os sons com o auxílio de imagens e tons
musicais análogos ao som da fala e em diferentes frequências e tempos
de duração”, conta.

O software foi desenvolvido em três etapas: criação dos desenhos e
animações, gravação dos sons e criação do programa final, sendo em
seguida testado e validado em dezenas de crianças com dislexia.

Para isso a pesquisadora realizou dois estudos, com crianças na faixa
etária entre 7 e 14 anos. Foram comparados, antes e após a utilização
dos jogos, os desempenhos obtidos em testes de leitura, consciência
fonológica e processamento temporal auditivo (PTA).

Treinamento em casa

No primeiro estudo, o desempenho do grupo experimental, formado por 12
crianças treinadas que praticaram o jogo e também foram submetidas à
terapia fonoaudiológica, foi comparado com o desempenho do grupo
controle, de 28 indivíduos não treinados, em testes de leitura,
consciência fonológica e processamento temporal auditivo.

Em seguida, o grupo que não teve contato com o jogo no primeiro
estudo, formado por 18 crianças com dislexia, usou os jogos por dois
meses e foi comparado no segundo estudo em três momentos: dois meses
antes do início do treinamento, no início e no final do treinamento
com o software.

Em todas as etapas do estudo, o treinamento foi conduzido na casa de
cada criança, que jogou por cerca de 40 minutos, cinco vezes por
semana. O programa também apresentava um link com a internet para que
cada jogada fosse enviada à pesquisadora, possibilitando o
acompanhamento da melhora do desempenho.

No primeiro estudo, conta Cristina, comparado ao grupo controle, houve
melhora significativa do grupo experimental após o treinamento no que
diz respeito ao desempenho em habilidades de consciência fonológica
(tarefas silábicas) e em habilidades de processamento auditivo
temporal (padrão de frequência).

“Verificamos, em média, 25% de aumento do número de acertos nos jogos
para o grupo experimental, contra cerca de 3% para o grupo controle
nas mesmas provas”, compara Cristina.

No segundo estudo, por sua vez, também foram observadas melhorias no
grupo experimental, numa proporção similar de 25% de aumento do número
de acertos após o treino, contra 5% no período anterior ao
treinamento. Desta vez a pesquisadora verificou melhorias em relação
ao desempenho em habilidades de leitura de texto, habilidades de
consciência fonológica e habilidades de processamento auditivo
temporal, sobretudo o padrão de frequência e duração dos sons.

Os dois jogos mostraram-se eficazes, explica a pesquisadora, para o
treinamento temporal auditivo do grupo. “Mas outro objetivo do estudo
era que as crianças com dislexia, ao treinarem suas habilidades
auditivas, indiretamente também melhorassem suas habilidades de
leitura, o que ocorreu apenas com parte da amostra”, aponta.

“O próximo passo do trabalho será a análise das causas dessa melhora
na leitura não ter ocorrido com todas as crianças, de modo a verificar
se o problema está no próprio programa ou até mesmo no grupo
analisado”, conta Cristina.

A pesquisadora da Faculdade de Medicina da USP concorreu com seu
trabalho ao prêmio anual da Academia Americana de Audiologia, em
evento da entidade que ocorreu no início de abril, em Dallas, nos
Estados Unidos.

“Concorremos com dezenas de outros trabalhos de pesquisadores de todo
o mundo, mas infelizmente não ganhamos o prêmio. Por outro lado,
estamos em fase de obtenção da patente dos jogos para disponibilizá-lo
a pacientes com dislexia, o que já está ocorrendo internamente nos
serviços de saúde vinculados à universidade”, disse.

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