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terça-feira, 26 de maio de 2009

O eterno tabu da sexualidade na deficiência




















Publicado por Ana G. em Dezembro 3, 2008
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Esse garoto é seu filho mesmo? A pergunta constrangedora, que poderia motivar até um teste de paternidade, já foi feita algumas vezes para Henrique* [nome fictício], durante passeios feitos com a família. A dúvida, no entanto, não vem da falta de semelhanças físicas entre ele e o seu filho, um menino de cinco meses, ou de outro motivo qualquer.

Há quatro anos, Henrique precisou utilizar cadeira de rodas. O agravamento em um problema no joelho esquerdo o impossibilitou de continuar se locomovendo de muletas e aparelho ortopédico, como fazia antes. O uso da cadeira, segundo ele, é o principal motivo de alguns conhecidos imaginarem que ele e sua esposa não têm vida sexual ativa.

Esta quarta-feira, 3 de dezembro, é o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Dados do Censo 2000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informam que 24,6 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que equivale a 14,5% da população nacional, percentual bastante superior aos levantamentos anteriores, nos quais se observava um contingente inferior a 2%.


Além dos problemas de acesso, portadores de deficiencia enfrentam preconceito na vida sexual

“Existe sim a cultura que deficiente não pode transar. Algumas mulheres, às vezes, não se aproximam de um cadeirante pelo fato de acreditar que o mesmo não pode ter relações sexuais”, comenta Henrique. A sexualidade, uma questão que não está presente nem mesmo nas estatísticas oficiais – que contemplam educação, moradia, emprego e até mesmo saúde –, não é levada em consideração na elaboração de políticas de inclusão.

A verdade é que muitas pessoas ainda ficam surpresas com o fato de o portador de deficiência sentir prazer. “Primeiro, porque a sexualidade é considerada um tabu na sociedade brasileira. É muito difícil discutir e conversar sobre isso. Depois, o deficiente, que já vive numa sociedade como esta, é encarado como coitado, incapaz, como aquele que tem dificuldades. Então, o sexo para ele passa a ser um tabu muito maior”, revela o fisioterapeuta Nildo Ribeiro, mestre em Distúrbios do Desenvolvimento e coordenador do Curso de Fisioterapia da Faculdade Social, em Salvador.

Às vezes, até mesmo os serviços de saúde ignoram o fato de que o deficiente tem grande parte da capacidade e da potencialidade sexual preservada. “Infelizmente, num conceito ainda antigo de saúde, o sexo não é uma das prioridades. Mas ele é, pois faz parte da saúde. A saúde deve ser vista como um todo, ela não é só a ausência da doença. A saúde é tudo: o lazer, o sexo, a vida como um todo”, explica Ribeiro.

Para ele, os serviços de reabilitação, que acompanham o indivíduo desde a ocorrência da lesão, precisam de profissionais específicos que o orientem sobre a sexualidade. Os profissionais deveriam se unir à família para ajudar na discussão deste e de outros problemas. “Precisamos desmistificar o deficiente, caso contrário ele se tornará um indivíduo retraído, que não se expõe, que não vai à rua, não paquera, porque acha que os outros não irão corresponder”, afirma.

Caso a caso – Entre os vários tipos de lesões e traumas que podem deixar uma pessoa dependente de cadeira de rodas, a lesão medular é a que traz maiores alterações e prejuízos do ponto de vista sexual.

A lesão medular, oriunda de traumatismos ráqueo-medulares ou tumores de medula, ocorre em áreas sensitivas importantes, além de afetar também a locomoção. “Da região lombar para baixo, ele não mexe. Da altura dos mamilos para baixo, não existe sensibilidade. É muito específica a lesão medular, diferentemente de um Traumatismo Craniano Encefálico (TCE) ou de um acidente vascular. Todas estas lesões são incapacitantes, trazem seqüelas”, cita o fisioterapeuta.

Outras lesões, localizadas na coxa ou na perna, facilmente preservam a sensibilidade da região genital. Pacientes hemiplégicos (que perderam os movimentos em um dos lados do corpo) também não costumam enfrentar problemas.

”A única diferença é que não podemos fazer posições sexuais que necessitam que fiquemos de pé. As demais fazemos com bastante amor e carinho. Garanto que é ainda bem mais prazeroso que muitos que não possuem nenhum tipo de deficiência”, diverte-se Henrique.
Publicado em Dezembro 3, 2008 às 4:00 pm e está arquivado em Divulgações, LVM - SCI, Publicações, Sexualidade - Função Sexual. Pode seguir as respostas a esta entrada através do RSS 2.0 feed. Você pode deixe uma resposta, ou trackback do seu prórpio site.

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